As diferenças fundamentais entre as Ciências e a Filosofia residem, sobretudo, ao nível do objeto e do método. Considera-se que cada Ciência tem um objeto particular, estuda uma zona delimitada do real, enquanto que a Filosofia tem como objeto o próprio real e o Homem na sua totalidade. Por outro lado, também existem diferenças a nível do método. Enquanto que as Ciências utilizam um método experimental e podem verificar laboratorialmente as suas afirmações, o filósofo "limita-se" a analisar, refletir e discutir racionalmente os vários problemas com que se depara. Devido à natureza das suas questões, ele não pode sujeitá-los a experiências. Apesar dessas diferenças, a Filosofia interessa-se pelas Ciências, pelos seus métodos e pelas suas conclusões, na medida em que estas ponham em causa o próprio Homem. Por exemplo, a questão da clonagem humana não é só uma questão cientifica mas levanta também problemas filosóficos. Outro exemplo, é a teoria do Big Bang, que não resolve totalmente o problema da origem, nem responde à questão colocada pelo filósofo alemão Heidegger: porquê o ser e não o nada? Estas diferenças entre a Filosofia e a Ciência (ao nível do objeto e do método) fazem com que haja progresso nas ciências porque os seus problemas se vão resolvendo, ao passo que na Filosofia os problemas mantêm-se, só se altera a sua formulação; quanto muito surgem novos problemas, mas tudo isto faz com que a filosofia seja circular, um exercício como a condenação de Sísifo. Essa situação pode gerar num sentimento de insatisfação. Mas o que será melhor: um insatisfeito incomodado ou um contentinho acomodado?
(a partir de apontamentos das aulas de outubro de 2011, enviados por Raquel Ribeiro - 10º 4)