10 de outubro de 2011

Poderia a Filosofia não ser grega?


Interrogo-me sobre o início. Existe um início da Filosofia, um lugar, um momento. Para o Ocidente, vale a Grécia, a Antiguidade grega. Ao que parece a Grécia possuía o território indicado para o início da Filosofia: uma extensa linha de costa, um território luminoso aberto ao mar, solicitado por essa impermanência constante, feita de água que vai e vem, que surge e se dissolve, que nos apela para lá de si mesmo. A Grécia era, pois, o melhor lugar. Um território solar é propício a ideias luminosas. Mas não havia melhor? Talvez, mas quando os Gregos apareceram a pensar a coisa filosófica, logo trataram de considerar os outros no fundo de uma caverna, eternamente iludidos com as sombras que eternamente os visitavam, como um pesadelo agarrado à pele. Os filósofos dispõem dessa especialidade capciosa muito próxima das habilidades dos políticos: quem não é filósofo é contra a filosofia; quem não habita a verdade, anda perdido a vaguear nas ruas da ilusão ou permanecerá preso aos seus preconceitos. Parece, pois, que a Filosofia não podia surgir noutro sítio. Se despontasse noutra pátria, era mais um subproduto das tolices e das paixões humanas.

1 comentário:

  1. Como tenho por adquirido que a filosofia nasce do esgotamento do mito, a tua questão, para mim, coloca-se assim: que convergência (exclusiva?)conduziu ao esgotamento do mito na Grécia? Bem, a resposta não deve andar longe da polis, das condições que levaram à criação da polis, isto é, das condições de vida que tornaram a explicação mítica do mundo uma excrescência.

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